sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Máquina do tempo

Outro dia, outro dilema. Outros pensamentos, outros nojos. Hoje, nenhuma vitória. Guardada para o amanhã a esperança, quem sabe. Eu continuo caminhando, sem muito em que pensar.
Francamente, eu estou apavorado. Tenho medo de que as coisas estejam voltando a ser, assim, tão simples. Medo de continuar me afundando num Ceregato de anos atrás. De seguir buscando o que há tempos não anseio.
Droga! Vejam só esse meado de tempo. Vejam esses últimos pensamentos. Minhas palavras estão voltando a se concretizar em mim. O ‘mim’ do passado, o ‘mim’ que você lograva enganar, este que cairá extremamente fácil. Ah, meu Deus! Eu estou realmente apavorado. E preguei tanto sobre meu eu. Disse-lhes tanto ter desenvolvido, ter criado uma proteção, e, de fato, ela existia, podia senti-la, assim, como desejo sentir suas mãos, assim, como estou ansiando sua alma novamente.
Eu voltei. Voltei a um estado que não gostaria. Agora o que dirão? Aceitarão a mim novamente? Meu ‘eu’ patético vai encantar a tantas faces como fazia antigamente?
Sim, estou sendo novamente dramático. Mas, dessa vez, onde está a proteção? Onde está a segurança? Eu deixei-a escapar, a senti tanto que a deixei ir, e pior, deixando vestígios irremediáveis. Eu espero voltar, eu espero, e não sei bem ao certo, me tornar, evoluir.
Essa máquina do tempo de novo, quase torturante, não fosse o fato de lembrar dos velhos tempos, ou fosse por tal fato. São efeitos totais. A vida é assim, oscilante.
Eu desejo, de verdade, que volte a me ver, que volte a ser como antes. Que eu volte a entender. Que a vida volte a ser frio, chocolate, páginas pensadas, céus variados... Eu desejo todas as noites, ainda que inconscientemente. E perdoe-me, por não ter sido perfeito, por buscar sempre as coisas a que almejei, por ser tão humano. Por ser tão vivaz, tão oscilante.


Hoje o espelho não diz tanto. Os cabelos penteados e o ar de garoto aflito atingem-lhe o pensar. Quando acreditava que bastava sentir-se bem; que bastava dormir. E vejam como vai hoje. Outra vez nessa merda de janela. Outra vez pronto para desabar. Fantasiando vidas, situações, como era há tempos atrás. Eu sei lidar, sei como passeia. Eu sei como é, eu só não sei como controlar essa coisa aqui dentro, batendo.
O fato é que, a vida pede mudanças...



(ÀS POUCAS COISAS QUE FAZEM MEU CORAÇÃO SORRIR)

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Primeira insígnia

Acordo, e mesmo que ainda acordado, olhos foram abertos. Sabe-se lá de que olhos são esses de que tanto falam, onde eles se localizam ou se realmente existem. O que, de fato, aconteceu foi eu ter visto um passado um tanto presente e me questionar sobre minhas últimas atitudes. Atitudes as quais eu não venho me importando, e que, embora eu não ligue muito, ainda conseguem me afetar, nunca deixei de ser mundano e seria tolice acreditar nessa hipótese. Estou aqui para fazer história e não para me tornar lenda.
Pensando outra vez. Como de praxe, cheguei a uma pergunta.
'Quais os olhares que mais me dizem?'
¿Os sedutores, os aflitos,os sinceros, os peculiares... Não, os peculiares são sempre alguns sorrisos.

Enfim, o que bastou foi a rápida percepção de como persegui-los.
É tempo de voltar, tempo de preocupar-me mais. Hora de mostrar um pouquinho do que sei fazer e, por conseqüência, me divertir com o que o mundo diz ser insanidade.
O que me trouxe aqui hoje foi notar a irremediável necessidade, ou digamos, importância dos olhares. O que fazem deles não é muito louvável. O que faço deles é torná-los coração, justamente por darem tão maior razão a essa bomba de sangue.


“Tira-lo-me-a abaixo dum céu branco - é um de meus favoritos –, ainda não posso ver o lugar, seja, talvez, devido à minha má índole para adivinhador. Ao encontrar você, delato-a. Tão somente você pode dar-me o próximo devaneio. É assim, como previsão, como para-normalidade. Assim como, notar você e instigar um futuro perfeito.”

domingo, 12 de outubro de 2008

Beautiful (He has his way)

Hoje, mais uma vez, tive de notar algo em meio às turbulências desse mundinho tão sem vantagens como o de vossas senhorias. E vejam só, consegui mais uma vez não ser ignorante, eu residi e sei do que estou falando.
Os pensamentos desta vez foram:
"Por que você acha que os andarilhos geralmente são loucos?"
Claro que são, assim como eu, e decididamente sabem sobre seus destinos. Viva realmente vivo e abrace-a sem pestanejar como conseqüência de tal ato. Isso é quase um lema.

Ele é um andarilho, claro, é um andarilho, daqueles poéticos, que te param na rua e ainda descalços mostram-te suas verdades. Você olha, mas nem ao menos sorri, julga-o louco, lógico, louco, afinal, que ser é esse que te pára em plena rua, tão urbanizada, e inicia a proferir um conceito de vida.
Louco, evidente que sim.

Ah, droga! É claro que não são loucos, vocês é que são. Vocês quem costumam buscar sabedoria em livros, VOCÊS é que insistem em roubar frases de filmes. Vocês que continuam ocultando o amor do mundo. Loucos, eles? Cite-me, então, um de seus pensamentos. Mesmo que sejam anéis.
Então, note quão raro é sentir-se assim. Quantos poderiam mudar de vida por querer explodir às vezes. É tão puro que chega a doer ser você mesmo. É tão digno que te envergonha não poder sustentar tanto poder de vida, nem por segundos a mais por apenas desejar ser isso por um tempo maior.
É exatamente assim que me sinto por querem ser apreciador por mais tempo.
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— Desculpe-me por não saber escrever, eu juro, de todo coração, que gostaria de delatar a ti todo meu anseio. Sabe, é tão grande que sinto que meu peito explodirá. A pressão torna-se cada vez mais forte, e sim, posso senti-la. Por vezes tentei forçar ainda mais e quem realizou o trabalho foram meus olhos. Mais uma vez você estava à minha frente e fitava-me com tanta verdade que dei razão novamente à profecia. De novo, sem entender, você me pergunta, pergunta e pergunta. Que necessidade porca é essa de saber, de estar a par da situação. Que mania maldita é essa de controle dos humanos. Apenas abraça-me, e diga aquelas palavras. Tão somente elas podem arrancar de mim ainda mais lágrimas. Eu quero acreditar. Quero que tirem minhas armas. Eu quero não ter saída, pois a cada dia torna-se mais difícil crer que alguém faça desse poder uma realidade. Anseio tão somente o que me desperte.

O quê, de fato, me desperte.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

O primeiro de uma série

Havia um garoto e também uma avenida vazia. Aos lados as calçadas davam cena a grandes prédios. O céu estava branco como a neve, e a cidade parecia inteiramente pálida. Não havia sinal de vida alguma pelos arredores, apenas uma grande névoa que o impedia de enxergar grandes distâncias. O frio parecia ter invadido todo o lugar, e, devido a isso, das árvores as folhas haviam sido extirpadas.
O menino pôs-se a andar, estava de pijama e levava na mão um urso de pelúcia surrado. Prosseguiu andando lentamente e observando a monotonia da região. Não se escutava som algum exceto o do vento vagando pelas ruas desertas. Por entre o vão das cortinas que adornavam as janelas dos apartamentos podiam-se ver luzes semelhantes às de televisores ligados, o que deixava incerta a hipótese de total escassez de vida naquele lugar.
O garoto seguiu andando, e à medida de cada passo seu o frio ambiente parecia penetrar-se em seus músculos assim como o medo é capaz de fazê-lo.
Logo, chegara a uma praça num quadrado central que dava entrada a três outras ruas, uma em cada extremidade. Passou por seu interior pisando sobre as folhas secas que ao serem quebradas pelos pequenos pés do garoto realizavam os únicos sons do lugar. Fitou um chafariz logo a frente que dava ênfase a uma estátua de um anjo cujos inimigos pequenos e sombrios entrelaçavam-se meio suas pernas. Ao terminar a travessia havia um homem na rua paralela à de sua origem. Atravessou o portão da pequena praça e dirigiu-se a ele chamando-o.
‘Moço’, ‘Moço’. Mas não houve reciprocidade.
O homem seguiu ali, estava de costas para o menino e numa posição curvada. Suas roupas eram brancas e pareciam manchadas por algum material amarronzado.
O garoto seguiu se aproximando e chamando. Logrou. Ao colocar a mão sobre o ombro do desconhecido o homem virou-se num reflexo só. Possuía dois olhos totalmente brancos. Brancos como o céu daquele dia. Suas feições eram distorcidas e insanas.
Dando um salto para trás o menino pôde sentir suas costas perderem movimento ao bater num elemento sólido. Ao virar-se era mais um deles, mais um dos milhares que havia às costas deste outro. Milhões deles haviam tomado as ruas que há poucos minutos atrás se encontravam despovoadas.
Avançaram sobre o menino aos urros. Um mar de insanidade o engoliu e abafou seus gritos.
Sua mão foi a que mais resistiu, ainda segurava o ursinho, que numa fração de segundo, afundou meio às criaturas indo de encontro a seu dono.

(Trecho de um possível livro)

sábado, 4 de outubro de 2008

INFERNO

Lá estava eu, cansado demais para ler um livro. Decidi por dormir, mas logo fui impedido pelos raios de sol que invadiam a janela daquela sala e banhavam-me toda a face. Por vezes tentei fugir, mas como se foge da luz sem recorrer à escuridão? Talvez seja isso a que me prendi, ao meu inferno pessoal; o que chamei de novo modelo de psicologia ou filosofia de vida.


Havia uma mulher ao meu lado quando fui invadido por mais um daqueles meus sorrisos sinceros. Louco. Teria pensado ela, mas a mim pouco importa, eu gostaria de enlouquecer mais vezes caso fosse necessário. Apenas para sentir mais uma vez o que você me proporcionava há algum tempo. E no fundo, não havia mulher alguma, era mais uma vez minha necessidade de estar alucinando.
E céus! Por que você sempre foge, ou pior, por que mostrou interesse um dia desses.
Eu ainda guardo no peito o quê, para mim, soou marcante, e eu já nem sei o que pensar quando me queima a língua aqueles goles tão adocicados de perspectivas infundadas.
Sei lá, não consigo negar que eu ainda sonho, e não quero me desprender disso, tenho medo de cair tão fundo que não seja capaz de regressar.
Meu deus! Só posso estar ficando louco. Quando sonho, há uma cama, nós dois, olhares, pode acreditar? E naquele momento eu deixo de ser eu, e tudo em volta toma uma dimensão que desconheço. O quarto é tão nítido, e naquele momento eu não consigo explicar o por quê, mas uma lágrima me é roubada, e como pressuposto você me pergunta o motivo da angústia, sem muito pensar, respondo que não sei, mas é claro que sei. Não é angústia, é euforia, causada pela vitória.
Logo cessam os meus devaneios e lá vem você dizer estar entregue ao amor, e mais uma vez faz-me pensar: quando dirá olhando em meus olhos, droga! Quando vai chegar? Quão mais eu terei de me despedaçar toda vez que ouvir você citar outros nomes? E até quando eu vou conseguir fingir? Eu sinto que até logo, até alguns dias às nossas frentes. Eu decididamente sou um nada para essas coisas, e vou acabar por te perder. Vou te perder como perdi tudo o que quis e tive medo de apostar. Sabe, nunca fui grande jogador, e me bastou algumas palavras tuas para entender que os sonhos não foram feitos para todos, muito menos para você, e quando digo isso refiro a mim. Eu só gostaria de amar mais uma vez, e sabe-se lá não escondê-lo, mas, como de praxe, me arrependi de tê-lo pedido.
Antes de desabar eu gostaria de lhe pedir uma última coisa, sei que não vai ouvir, sei que nem sabe que está aí, mas me prometa nunca ler sobre meus desesperos e se ver nele, jure a mim nunca chorar os pensamentos aí ocultos, pois eu tenho a certeza, tanto quanto tenho sobre a morte, que terei pena, e mais uma vez fingirei não ser eu, e o amor contradiz esse meu dom. Apenas prometa nunca chorar sobre os pensamentos que fiz sobre ti e dizer sofrer pelo mesmo.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Triplicando uma visão

‘ É pela arte que um homem consegue mostrar o que ele realmente é’.

Francamente, deve ter sido um complô. Armaram uma sessão para mim, ou o dia quis pregar-me uma peça. Eu só pude medir tais pensamentos após uma aglomeração de sentimentos dóceis me tomarem.

Retrocedamos, então, a uma parte da história, dessa vez, ainda melhor, sozinho. Aí entenderão o que quero dizer. Ou não.

— Que noite perfeita, não a noite em si, o período. O estado. Veja só como consegue pensar, vociferar como antes. Eu nem sequer deitei e já escrevi tanto, não, não escrevi, escrevi? Bom! Adeus pensamentos, eu sei que os esquecerei amanhã, mas não importa, foram só três minutos.
Três preciosos minutos que haveriam de estar aqui agora.

Ah! Vocês viram? Claro que não viram, aliás, seria cobrar demais de vocês. E se continuar assim deverei produzir cada vez mais esses movimentos, a escrita está dizendo muito lentamente e não consigo expressar o quão histérico estou. Enfim. Deixe-me um pouco de lado, e voltemos ao filme.

— Maldito seja o vento que esvoaça meus cabelos, eu me sinto um mendigo, e veja lá a maldita esquina. A esquina da derrota. E merda! De novo o passado. E que legal! Ele me olhou, sorriu, até acenou. E que bela, quer dizer, que belo passado.Que merda é essa!? — Alguns olhos arregalados, um devaneio tremendo, e em sua visão, deslocamentos, deslocamentos visíveis. — Por Deus. Eu pensei que havia sentido tudo. — Vociferou ainda mole. — E vejam só essa blusa, está imunda. E a calça? Meu cabelo, droga! Eu estou tão belo, e, sabe-se lá por quê, tão crítico.

Ah, já chega! Por sorte eu e minha boca grande não delatamos o que há de mais importante em mim, a volatilidade de personagens e pensamentos.
Agora, entrando numa parte séria de mim, a que não se encontra com grande estabilidade hoje. Foi um dia de mil sabedorias, aliás, eu gostaria de lhes dar meu gentil obrigado e sintam-se à vontade para recebê-lo. E, antes que me esqueça, a última dessas sabedorias. E lembre-se, leia-o em tom irônico e não entenda, apenas alegre-se com o sentido que produzir em ti. Por sua própria manhã.

— ‘Você não vai adivinhar o que achamos em nosso porão hoje
pela manhã...’