terça-feira, 24 de maio de 2016

QUAL É SEU SUSSURRO NOS DIAS QUE SE SEGUEM AGORA?

     Qual é o meu sussurro nos dias que seguem agora?
     Essa pergunta ficou martelando em minha cabeça e, também, nas das pessoas que estavam naquela sala comigo. Era visível no rosto de cada um deles como aquela projeção penetrara fundo em seus corações e mentes.
     Como responder a essa pergunta sem antes pensar nos meus sussurros dados até hoje?
     Durante toda minha vida eu cresci imerso em enigmas não mais concretos do que essa projeção. Quando criança, com minha família, eu vivenciei problemas financeiros; o divórcio dos meus pais; nossa total desunião. Sendo gay em uma família machista e com uma mãe evangélica eu posso dizer que eu cresci com medo quase que o tempo todo. E o medo é capaz de coisas terríveis.
     Na adolescência eu pude sentir ligeiramente a vitalidade trazida junto da juventude. O poder ilusório em mãos. A crença de possuir não só as respostas, mas também a força necessária para enfrentar o mundo inteiro. SENTIR. Não mais que isso, de fato. Até todos os meus planos "seguros" não se concretizarem. A vida não te presenteia com tal força sem antes tê-lo feito provar do doce e do amargo. Do bem e do mal.
     Consigo, então, enxergar que em minha vida, minhas escolhas não passaram de sussurros. Sussurros. Não rebeldes ou destemidos como é um adolescente. Uma voz, que não a minha. Reprodução dos sussurros de outras pessoas que me alertavam sempre como é inseguro ser você mesmo em um mundo tão cheio de dor.
     Mas quem eu queria de fato ser? Desmorono ao pensar. Vinte e três anos e eu ainda não estou certo disso. Mas consolo-me em saber que isso não é uma obrigação. Eu posso, no entanto, dizer o que eu não quero ser. O que eu não quero ter: medo. Não mais! Medo de sussurrar meus próprios pensamentos. De chorar ou de sorrir. Não vou ter medo de de abandonar os fantasmas que outrora sussurravam em meus ouvidos que eu deveria ser apenas um só. Eu quero ser vários. Quero vestir máscaras, seja em um palco físico ou neste chamado vida.
     Eu quero transformar as angústias, tristezas e alegrias. E gritar quem eu sou nesta sala de porta amarela, mesmo que na imensidão do universo esses gritos não passem apenas de sussurros.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

CLOSER

- It isn't you, it's me. - Classical phrase. - Seriously. (breath) I've been thinking too much lately. - About what? - Everything. - Do you still love me? - Maybe. - You still wanna be together? - I don't know. I've been trying to figure it out. - Am I not enough? - You make yourself good enough to anyone. - So why? - I told you, it's me. - Tell me what's going on... - I'm afraid... of losing you. - Why? - Because I care too much. And life changes, people change. So you will. - I won't, I promise. - You can't. - Don't do that to me, to us... I love you. - And I'm too scared about doing the same. - What do you want from me? - I don't know. - So, it's over? - (tears) Hold me tight, make me a stronger person. - But you are. - No, I'm not. I'm happy because I have you, and this is not right. It isn't right someone who owns your happiness like it was a picture. Someone who can break your heart whenever it realizes it's time to go, because love's just gone. - What are you saying? I'll never leave you. - You say that because you love me. - Exactly. So why are you doing this to us? - Because I'm too afraid of allowing me to be happy. Because I'm a lunatic. And I can't compete to this. I can't compete to anyone.

domingo, 12 de junho de 2011

COMER REZAR AMAR

Fui atingido como que por um raio. E quero digerir a dor de não amar.


Eu busco incansavelmente encontrar a minha palavra. Talvez me culpe por pensar demais, talvez me culpe também por abrir portas a sentimentos tão negativos, os quais sei que fazem parte de mim. Talvez devesse me culpar por aceitá-los de maneira tão inerte, talvez devesse lutar mais.

Sei também que meu caminho é repleto de luz, Deus reside dentro de mim, assim como eu resido, e quero engrandecer-me junto a ele, tornar-me um só. Quero pertencer ao universo e amar o próximo como se não fizesse parte desse mundo perverso que, ingenuamente, nos parece inócuo à alma. Eu quero fazer mais parte de mim.

Sentir-me desprender de todas essas convenções criadas por qualquer que seja a cultura. Desejo ser flutuante e apenas amar. Viver o não material, viajar a mente, criar equilíbrio.

Eu sinto tanta, tanta sede de viver... e meu espírito clama por mudanças.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

DIVERSITY (Show the world your true colors)

Eu busco entender o porquê das guerras em mantos brancos, o porquê de pregar o amor de forma a causar a dor. Busco entender que se, assim como afora, não vemos flores nem cores comparando-se a uma instância do que é ser correto, por que deveria eu manchar minha face de sangue.

E falam do ser racional como se dominassem toda a política do correto. Pregam a grande verdade, mas, racionais, não são capazes de contestarem suas próprias injustiças ou prepotências. Sendo que, onde, hoje, levantam palavras, um dia levantaram espadas. Sua violência propaga atualmente o psicológico, terra sem dono, onde se vê o mais forte vencer.

E se o bem sempre triunfa, por que perdem tantas batalhas? E se o bem sempre triunfa, por que são eles a condenar o outro, a limitar e criticá-lo. São eles mais fortes para calar. São eles mais fortes para impor. São eles mais fortes para propagar a sua inglória verdade. E, se não pensa ao viver, não deixa pensar, em nome do divino ou dos bons costumes. Como fazem e fizeram com os negros, os judeus, as mulheres, os homossexuais, os jovens, os obesos, idosos, orientais, pobres, deficientes....


E, se são diferentes, por que insistem em cobrar respeito?

Se originados diferentes, por que insistem em buscar o ideal divino, civilizado ou qualquer outro termo hipócrita para nivelar a nação a mais uma busca inútil do bem maior, quando o próprio universo se incumbiu de pluralizar a vida.

Seja na música ou na cor, na alegria ou na dor. Não importa se grande ou pequeno, ele é livre para voar. Seja qual for sua crença, se vossa senhoria é realeza. Não é senhor do tempo para podar. Vai e gasta teu grande dom, que te diferencia das outras criaturas da terra, busca personalidade e satisfação, sem flagelar o outro ou limitar a complexidade da vida a paredes mal erguidas.

Diversidade foi apenas um nome dado à nova Ordem Mundial, onde não importa se discípulo, militar ou careca acéfalo, hoje pisará para amanhã por ela ser arrastado.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Narciso

É esse tipo de amor que começa puro e termina culposo. Que começa pela pele e termina na mente. É esse tipo de amor que me funde em apenas um homem e faz-me encontrar em uma só instância, dando-me uma visão absoluta de me bastar.
É esse tipo de toque que quero apreciar, sem culpa. É essa mesma respiração que quero sentir roubar meu juízo e tirar-me a sanidade. É essa mesma música que quero ouvir se misturar aos seus gemidos e ofegantes respirações, enquanto a cama seca o nosso suor.
Pois foi nessa psicose que encontrei o prazer. Nessa mesma psicose que te trago ao desejo, e se lembra, como se existisse, dos toques e refrões. Das palavras suadas e do beijo perdido.
Trouxe o corpo quente e a mente vazia, trouxe palavras sussurradas e movimentos suaves. Trouxe a chuva opaca a lavar a alma. E nem mesmo quero escrever, pois assim vulgarizo. Mas é mais uma foto que guardo no baú, esperando o corpo e alma para transformar em lembrança.