domingo, 23 de janeiro de 2011

NUDE

Encontro-me despido, de qualquer sensação ou sentimento autônomo. São todos pensados, maquinados a sentir. E aquela sensação de punição, de não sentir o chão, foi-se junto à minha intensidade e as histórias, todas desinteressantes, continuam a soar, feito mundo medíocre, trazido pela normalidade.

Eu ouço músicas que me dêem certa vida, dói, dói não sentir. Dói não ter paixão pelas luzes ou pelo corpo quente. Ter imprescindível sede de vida, descontrole da mente.
E tenho sonhos, inócuos, sensatos, parados. Eu tenho vontades, ascos, e me falta a coragem restante. Talvez seja só tempo... tempo de cansar, tempo de aprender que nem tudo na vida é plano, nem tátil ou fato. Eu preciso mesmo é de vodca e um pouco mais de psicologia. Eu preciso. Voltar. Delatar meus pensamentos, faz-me sair da monotonia, faz-me não ser, assim, acomodado, um espelho quebrado, sem visão, sem encanto. Que, no fim, mais uma anotação na estante, sem livros, ou volta, ou revolta, sem amores, sem sonhos, sem vitórias, derrotas, voltas, amores, sonhos, vitórias, derrotas, voltas amores sonhos vitórias derrotas... rotina.