domingo, 23 de janeiro de 2011

NUDE

Encontro-me despido, de qualquer sensação ou sentimento autônomo. São todos pensados, maquinados a sentir. E aquela sensação de punição, de não sentir o chão, foi-se junto à minha intensidade e as histórias, todas desinteressantes, continuam a soar, feito mundo medíocre, trazido pela normalidade.

Eu ouço músicas que me dêem certa vida, dói, dói não sentir. Dói não ter paixão pelas luzes ou pelo corpo quente. Ter imprescindível sede de vida, descontrole da mente.
E tenho sonhos, inócuos, sensatos, parados. Eu tenho vontades, ascos, e me falta a coragem restante. Talvez seja só tempo... tempo de cansar, tempo de aprender que nem tudo na vida é plano, nem tátil ou fato. Eu preciso mesmo é de vodca e um pouco mais de psicologia. Eu preciso. Voltar. Delatar meus pensamentos, faz-me sair da monotonia, faz-me não ser, assim, acomodado, um espelho quebrado, sem visão, sem encanto. Que, no fim, mais uma anotação na estante, sem livros, ou volta, ou revolta, sem amores, sem sonhos, sem vitórias, derrotas, voltas, amores, sonhos, vitórias, derrotas, voltas amores sonhos vitórias derrotas... rotina.

sábado, 25 de dezembro de 2010

Quando tenho tempo, eu penso...

Vontade de cair na grama, porque meus pés não me sustentam mais. Chorar, pois eu não me tenho assistido sóbrio. Entram noites, saem dias, e minha cabeça ocupada não pensa, para não estimular os olhos. E eu pergunto “Qual é meu nome?”, “Qual é meu nome?”.
Nada parece mais o que costumava ser e me sinto com uma caixa de Pandora em mãos, completamente assustado quanto aos meus fantasmas, completamente inseguro quanto ao futuro. E pessoas insistem em gritar suas dores, em cobrar suas lembranças, e, embora errado, não quero olhar nos olhos, pois nem mesmo sei o que se passa pelos meus. Não importa se lobo, ou monstro, ou humano, sozinho, sempre sozinho, só importa pensar... e por isso cansaço, físico, mental... pois gostaria que o mundo caísse, às ruínas, para não sentir-me só, ao menos no fim de um dia de inseguranças... onde eu pudesse sentir que tudo vai ficar bem, sem ter de me segurar em frases de filmes, sem ter de trabalhar a imaginação para não acreditar que tudo é tão ruim.
Então caiu a lágrima, e eu paro de escrever. Porque não são todos que podem se dar ao luxo de pensar. Não são todos que podem chorar tranqüilos, pois seus medos são pequenos.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Longa vida e reflexão

Não-usual seria a palavra, tão bela a sensação de sentir-se mais um no aglomerado de diferenciações. Sinto como se as coisas não fossem tão grandes, como se bastasse lutar... como se o caminho fosse todo árduo, mas tenho água e pão para toda a vida, e isso que importa. Então que seja se meus amores são louvados ou medíocres, pois outro dia ouvi dizer que meus olhos são frios, e eu temo acreditar na verdade dessa língua. Lidar comigo é coisa de outro mundo, talvez essas coisas de sorte, de destino, quando você bota a moeda no momento certo e aposta. Eu sinto como se fosse só mais um anel no meio da corrente, e, mais estranho, não me sinto pouco, me sinto daqueles que não sonham em desgastar ou que precisarão ser remodelados tão fácil, pois eu estou me alimentando de uma auto-suficiência jamais presenciada por este humilde escritor que lhes fala. Não, não quero tomar seu tempo, mas também não quero fugir ao meu instinto, e sei, que nem tudo dura para sempre, e nem o almejo, mas eu tenho certa facilidade em trazer resultados da nostalgia, mal de mim, mal do povo, tudo muito previsível, e não sou, nem lhes culpo, aliás... gosto, porque lhes tira o poder, porque, no fim, é isso, poder. E, olhando, revisando, tudo parece barato, mas o ano vem chegando ao fim, e a Fênix, que nasceu tão obviamente preparada a enfrentar isso que chamam de realidade, ainda continua com seu caminho imprevisível, mas comum montar relações após o tormento ou felicidade. Tudo embaralhado, olha aí de novo. Barato, barato, barato. Eu deveria me culpar. Mas não. Só não quero falar, não quero planejar, eu quero, sim, ouvir, observar, talvez entregar um pouquinho dessa minha aptidão à felicidade. Porque o ano me mostrou uma realidade em que é exigida uma sabedoria ainda maior do que eu costumava ver, e, como todo bom escorpiano, eu quero aprender a dominá-la, antes de sair gritando minha felicidade ao mundo.

domingo, 18 de julho de 2010

FULL OF GLORIA

Os dedos suados e finos acariciavam minhas mãos e sua respiração ofegante ao meu ouvido fazia-me arrepiar. Minha boca corria pelo pescoço, sedento pelo conhecimento vago daquele momento. Procurei nos olhos o que a boca não conseguia dizer. As luzes variavam, em vermelho e azul via perdição, amor, banalidade... meus olhos se perderam, deram razão ao desejo infundado.

Eu poderia ter tornado especial, por muitos momentos. Mas era uma noite superficial. Eu não me encontrava à casa e falava mais alto o perdedor que caça. Noite, cigarro, álcool, música envolvente. Noite de perdedor. Nenhum chocolate ou convite para um café na manhã seguinte. Beijos infundados. Nenhuma notória simbologia ou entrega emocional. Nenhum beijo apaixonado no metro de São Paulo.

Então ele volta, sem muito que esconder ou julgar. Fora somente uma noite cheia de impulsos. No bolso, ele ainda leva o coração surrado e cheio de paixão, esperando que mereçam seu romantismo de um domingo à tarde.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

DEATH IS THE FUTURE

E triste assim. Não pelo fato da morte, ou por medo desta. É pela certeza do fim. Pois o que nos impulsiona a viver é justamente a incerteza deste. É jogar uma pilha de papéis fora, pois ele não é chegado, e poder escrever tudo novamente.

Eu vivo falando de passado, não vejo a hora de que se passe o presente, e o futuro... O futuro é a morte.

Simples, e triste assim.

Eu não quero perder toda a beleza de dançar despretensiosamente. Eu não quero deixar de acordar para ver o sol. Não quero calar minha boca ao dizer que amo, pois eu amo, mesmo sendo desventurado. E que se danem os outros se não vêem a beleza. Que se danem se meu cabelo e minhas roupas não condizem com o sociável. Que se dane você, pois eu quero ver beleza.

Meus olhos estão abertos à vida... e o futuro? Que se dane o futuro... a vida é maior que ele.